Roma, Grécia Antiga, Áustria, barzinho aqui da esquina… Todos esses são alguns dos berços da cultura ocidental. O último, no entanto, se lança como protagonista contemporâneo, principalmente quando se trata da dialética encorajada por etílicos, popularmente conhecida como “Papo de Boteco”.
De futebol até religião, de política até trabalho, de memórias do passado até péssimas decisões futuras. A mesa de bar tornou-se um grande divã na qual o frequentador despe-se de qualquer filtro ou armadura que carrega no cotidiano e, entre garrafas e amigos, encontra consigo mesmo, em sua mais pura e verdadeira essência.
Ainda, podemos ver o botequim como um material sociológico inestimável. Lugar acolhedor que vai desde camisas rubro-negras rivalizando com camisas tricolores até grupos de empresários de terno e saias tubinho. Ambiente de samba, pagode, pop, rock, axé e sertanejo. Pela mesma mesa, inúmeras tribos passam. Todas diferentes, mas que se encontram na magia ébria que a garrafa e o copo permitem. E, nesse momento, tornam-se todos iguais.
Dentro de um bar já aconteceu de tudo. Torcedor comemorando título, brigas e perdões em intervalos de minutos, despedida de solteiro e até pedido de casamento! Afinal, uma boa história nunca começa com leite.
Talvez seja por isso que grandes nomes como Noel Rosa, Zeca Pagodinho, Vinícius de Moraes tenham se consagrado como intelectuais e artistas do povo. O samba que pulsa em seus corações só encontrou a batida correta quando no bar sentaram-se e permitiram-se sentir o calor da cidade carioca sendo arrebatada por uma cervejinha zero grau descendo a sua garganta.
Ah, mas se as paredes tivessem ouvidos… Imagine se soubéssemos de toda as histórias contados por lá. Tudo bem que a maior parte deve ser mentira, adulterada pela memória seletiva de quem não conta derrota, mas isso a gente ignora quando estamos lacrimejando de tanto rir.
O que importa é entender que a mesa de bar é bem mais que um lugar de brindar as vitórias e contar histórias. A mesa de bar é uma oportunidade de começa-las.